CHATO QUEBRA-AGENDA – É aquele chato que tão pronto topa com você vem logo pedindo: “O senhor me concederia 30 minutos do seu tempo?”
CHATO SEMÂNTICO – É o chato que está conversando todo o tempo com você sem prestar atenção no mérito do que você diz. Ele só presta atenção no português que você usa. E, quando você incorre num erro, ele interrompe sua fala para salientá-lo e corrigi-lo. Dá vontade de dar um murro nesse tipo de chato. Quero informar num acesso de humildade que por vezes incorro nesse tipo de chatice.
CHATO DO ADIANTO – É aquele jornalista que escreve uma ótima matéria para seu jornal, antes de baixála para a edição fica mostrando o seu golaço a todos os colegas da Redação que encontra. Todos são obrigados a ler, isso que vão ter de ler novamente quando o texto for editado. Quero confessar que cometo esse tipo de chatice todos os dias.
CHATO ETÁRIO – É aquele chato que, na conversa, fica espreitando tudo que você fala para achar a oportunidade de manifestar a sua ancestral chatice, basta que você lhe conceda a deixa na conversa e ele ataca: “Qual é a sua idade?” E logo compara a sua idade com a dele, as vantagens e desvantagens. Muitas vezes incido nesse execrável erro.
CHATO AUTORAL – É o ótimo cantor a quem você vai ouvir no teatro ou na casa noturna, pagando até ingresso muitas vezes para vê-lo, mas chega lá e é obrigado a ouvir várias músicas que ele compôs. Ora, a gente vai lá para ouvir um excelente cantor, não ouve, acaba ouvindo um péssimo compositor. Em Porto Alegre é freqüentíssimo na noite esse tipo de chato abominável. O oposto a esse chato é o grande compositor que é péssimo cantor, mas insiste em interpretar todas as suas músicas. Esse tipo de chato é relevado pela curiosidade que se tem sempre de ouvir a criação na própria voz.
CHATO COSMOPOLITA – É aquele para quem, numa roda de conversa ou numa qualquer reunião, basta que surja a oportunidade no assunto para que intervenha: “Em Paris, uma vez deu-se isso comigo…” Logo a seguir: “Toda vez que vou a Nova York nunca deixo de ir jantar no Alfredo”. E mais adiante: “Em Túnis, uma vez, aluguei uma Mercedes e me dirigi para Cartago, distante uma hora e meia de carro”. Esse tipo de chato se caracteriza por gastar uma fortuna em viagens só para depois infernizar os outros com seus relatos.
CHATO DO INSUPERÁVEL – É o sujeito que, numa Redação do jornal, numa roda de médicos ou engenheiros ou de advogados, submete o seguinte ao chefão: “Estou de posse de um trabalho magistral, você quer aproveitá-lo?” E o chefão pergunta: “De quem é o trabalho”? E o chato responde: “Meu”.
Crônica do Paulo Sant'ana publicada em 10/01/2006
Nenhum comentário:
Postar um comentário